
Eu sempre fui fascinado nas Grandes Guerras mundiais, e ainda sou. Atualmente estou lendo a obra ‘Nada de novo no Front’ de Erich Maria Remarque, que fala sobre a Primeira Grande Guerra Mundial e suas tenebrosas trincheiras. Cada página é uma emoção que sinto. Eu nunca havia lido algo que me fizesse elucubrar um fato histórico de tal forma, sinto-me como se estivesse naqueles momentos em que Paul, Katczinsky, Kropp e os demais se escondem para não serem atingidos por bombas, ou quando o pânico paira, pois a trincheira inimiga lançou bomba de gás – que os levaria a morte - e tantos outros momentos que o romance retrata.
Minha imaginação aguça quando vejo a capa do livro, e algo me faz parar o que estou fazendo para dar mais uma lida. O fato que mais me chama a atenção é que quando aprendemos sobre as Guerras na escola, é algo frio, uma nação vence a outra, os EUA sempre onipotentes, a Alemanha sempre culpada, territórios devastados e se falam em mortos é só na quantidade, números. Mas quanto a dores, testemunhos, imagens de mortos, condições de vida em uma trincheira, isso não sei se por medo, ou por falta de didática, mas poucos professores falam sobre. Até onde li, há três passagens que me chamaram muito, mas muito mesmo a atenção.
‘Estranhamente, Behm foi um dos primeiros a morrer. Durante um dos ataques foi atingido nos olhos por uma bala. Imaginando-o morto, nós o abandonamos no campo. Não pudemos trazê-lo de volta, tão precipitada foi nossa retirada. À tarde, repentinamente, nós o ouvimos chamar e vimos que tentava arrastar-se até as nossas trincheiras. Perdera apenas, os sentidos. Por não conseguir ver e por estar louco de dor, não procurava cobertura, e por isso foi baleado antes que um dos nossos pudesse ir buscá-lo’
Remarque, Maria Erich. Nada de novo no Front. Porto Alegre: Helen Rumjanek, 2004. p.17
A todo instante que posso ler aleatoriamente o livro – mania de pequeno, folhear o livro para desfrutar de uma leitura sem compromisso – paro em alguma destas páginas onde há algo que julgo interessante e cada instante, a cada pulsar de meu coração, é como se pudesse, por exemplo, ver o pobre Behm na terra de ninguém a se arrastar tresloucado por estar sentindo dor. Nessas horas sinto certo desprezo correlacionado às guerras. Seguindo mais pelas linhas atraentes da minha pequena edição de bolso, vejo que os soldados não são homens turrões, ogros que ludibriados buscam por sangue sem limites ou qualquer pudor. Seres pensantes, que naquela hora abdicam de emprego, família, amigos, amores para viver em perigo e em péssimas condições em nome da pátria. Paul Bäumer, o narrador personagem da trama, retrata que antes de recrutados para servir na guerra, os soldados tinham a opção, entre o servir e o não servir, mas a opção que por livre e espontânea pressão era escolhida era o ‘sim’.
‘Kantorek foi nosso professor na escola, um homem pequeno, severo, de paletó cinza de abas, com um rosto afilado de camundongo... é engraçado como o infortúnio do mundo provém tão freqüentemente de homens baixos: são muito mais enérgicos, de gênio muito pior do que os indivíduos altos. Tentei sempre evitar pertencer a companhias lideradas por comandantes pequenos: em geral são uns carrascos. Kantorek nos leu tantos discursos nas aulas de ginástica que a nossa turma inteira se dirigiu, sob o seu comando, ao destacamento do bairro e alistou-se. Vejo-o ainda à minha frente, e lembro-me de como o seu olhar cintilava através dos óculos, quando, com a voz embargada, perguntava:
- Vocês vão todos, não é, companheiros?
Remarque, Maria Erich. Nada de novo no Front. Porto Alegre: Helen Rumjanek, 2004. p.16

O que me deixa a pensar muito é, esses homens, que eram contratados para dizer coisas ‘boas’ sobre a guerra, mais tarde não se sentiam culpados por enviar pobres cidadãos – já treinados – para dias de horror e até a morte? Logo paira a resposta para a minha indagação: ‘- Não havia sentimento, havia interesse uns queriam matar outros, o mais forte venceria era o Darwinismo em sua forma pura, crua – o mais apto sobrevive, vence – a guerra era dos grandes, mas vencida ou ganha por pequenos.’ É como em um jogo de xadrez, os peões são os soldados, e as peças majestosas, são os ministros das nações envolvidas na guerra e por fim a figura o ‘REI’ é o presidente, o mandante, o superior que não pode ser atingido, aquele que proferir:
“-Xeque mate” é o vencedor de uma grande atrocidade. Um dos personagens do livro, o solado Kropp, é visto pelo protagonista Bäumer como um grande pensador e durante as passagens, mostra-se apto para escrever livros, dar aulas e não seguir com um fuzil nas mãos para assassinar outrem.
‘kropp, ao contrário, é um pensador. No seu entender, uma declaração de guerra deve ser uma espécie de festa do povo, com entradas e músicas, como nas touradas. Depois, os ministros e os generais dos dois países deveriam entrar na arena de calção de banho e, armados de cacetes, investirem uns sobre os outros. O último que ficasse de pé seria o vencedor. Seria mais simples e melhor do que isto aqui, onde quem luta não são os verdadeiros interessados.’
Remarque, Maria Erich. Nada de novo no Front. Porto Alegre: Helen Rumjanek, 2004. p.40
Sem mais para o momento,confessando estar confuso, sem muito saber se gosto ou não gosto DO ASSUNTO guerra, peço desculpas pela demora e mais que isso, indico o livro ‘Nada de Novo no Front’ de Erich Maria Remarque, espero que gostem do post :D
E ah, esse post foi pro Felis Leo http://leoncillos.blogspot.com também ;D
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